Conto - Urros Bestiais na Cidade Luz.






(Este conto é o trecho de um romance da autora)



Escadarias de Montmartre.


Cinco estudantes universitários, bêbados e trôpegos, cantavam despreocupados. Os amigos de intercâmbio cruzavam com algumas pessoas, soltando gracejos e chamando a atenção de todos, falando alto, rindo a toa, enquanto desciam as ladeiras ancestrais da velha Paris.



Gemidos apaixonados, intensos e lúbricos ecoavam ao longe rompendo as barreiras da quietude noturna, ofendendo a decência da noite da Paris moderna. Despertando a atenção de pessoas que andavam por aquelas ruas, tremendo furor do arfar de corpos, em plena volúpia da sedução dos sentidos, que pedia, implorava, gritava sua sede...


Em um casarão abandonado, através de corredores escuros e sombrios, perdidos no tempo, do que um dia havia sido um prostíbulo da antiga Montmartre. Aquele som inconfundível de sussurros e desejos, podia ser ouvido a quilômetros de distância. Subitamente, foram ficando mais e mais intensos, mas agora, não mais tinham o tom de sussurros de desejo. Ao contrário, aqueles gemidos vibravam em uma energia totalmente diversa, parecendo ardorosos demais, estranhos na verdade para serem considerados, apenas gemidos de paixão alucinada. O que antes parecia a deliciosa agonia do êxtase, num átimo de segundo, transformara-se em urros guturais e aterrorizados, bestiais e lancinantes. Como de pessoa que está sendo mutilada, ferida de morte.

Gritos de desespero e medo, pavor e agonia, elevavam-se ao longe, preenchendo a noite em uma assustadora sinfonia, rasgando impunemente as fronteiras da noite parisiense!  A Fúria insana das trevas da morte fazem surgir um medo insensato, dentro da alma aterrorizada daqueles que se aventuram, nas horas sombrias da madrugada".

"Oculta dos olhos humanos por entre as brumas, furiosa em sua sede, a fera Imortal rasgou sem piedade a carne das vítimas indefesas, em sua ânsia de faminta depravação canibal. Cumprida sua macabra missão, aquele ser de semblante aterrorizante se levantou e abrindo suas asas negras revelou sem máscara...a face do terror! Deixando à mostra, sem pudor, o sangue que escorria em cântaros por sua face vazia, coberta de presas assustadoramente disformes.
Com os corpos inertes das vítimas ao seu redor, a fera aparentemente saciada, emitiu um som gutural de prazer, alçando voo em seguida, perdendo-se nas brumas da madrugada.

"Agora os gritos de mortal agonia e desespero, que varreram a noite com seu horrível lamento, haviam morrido dentro da garganta daqueles que inadvertidamente, se aventuraram por caminhos desconhecidos.

De repente, o Silêncio!




Paris - Avenue de Champs Elisées


Daniela sentou e confortavelmente desfrutou daqueles últimos   momentos na cidade que ela tanto gostava e que havia sido seu Lar, nas últimas 3 semanas. Tinha ido tomar seu desjejum no café Etoile. Aproveitou esses minutos de despedida, pois logo em seguida, pegaria o voo de volta para casa.

- Mademoseille, seu capucino - sorriu o garçom, entregando seu pedido.
- Merci - agradeceu, retribuindo o sorriso - "Nossa, último dia em Paris. Passou tão rápido, mal posso acreditar"! - Dani pensou consigo mesma.

Relaxada abriu o jornal, buscando o editorial de moda   será que as fotos do ensaio da Vogue tinham ficado boas? - mas no alto da página que ela sequer percebera, a notícia em letras garrafais, era assustadora.  



"Cinco Homens encontrados mortos, nas cercanias de Montmartre, nesta madrugada."



Segundo o jornal, o relato dos policiais e peritos que atenderam a chamada, Membros e vísceras se achavam espalhadas por todos os lados, no local do crime, banhados em um mar de sangue. Visão que afetou o estômago até daqueles que há anos, já haviam se habituado a cenas como àquela. O cenário encontrado pelos policiais apresentava-se em verdadeiro Caos. Os corpos, ou o que restara deles, estava totalmente dilacerado.

Conforme declaração dos peritos no local do crime. Este fato, tornava a identificação dos cadáveres, por reconhecimento, praticamente impossível.

A hipótese de se tratar de um ataque de um animal selvagem e de grande porte, não foi descartada, porém levantava questões intrigantes:  Que espécie de animal atacaria e em plena cidade Luz, nos dias de hoje? Como, porquê, e o quê...seria capaz de algo tão inusitado e macabro?

Segundo o jornal "Le Monde", até o momento, não haviam respostas.


Daniela estreitou os lábios, mas não esboçou qualquer reação. Fechando o jornal em seguida, terminou seu café, deixando uns francos sobre a mesa e acenando para um táxi, tomou o rumo do aeroporto.

Seu vôo sairia em uma hora.




Nana B. Poetisa

Biografia: Meu nome é Adriana, sou brasileira e carioca. Mas, no meio literário sou conhecida como: Nana B. 
Meus leitores, me chamavam de Poetisa, adjetivo que acabei por anexar ao meu pseudônimo.
Sou escritora, poetisa e romancista. Meu primeiro livro solo, "Fragmentos - Poética Fantástica", foi lançado em 2010.

Atualmente, divido a coluna de terror de Literatura de fantasia e ficção "Clã dos Imortais", na Revista Digital Fantástica com os também autores: James Andrade, J. Modesto e Nelson Magrini.

Assino diversos blogs e sites, no meio da literatura fantástica nacional, bem como apoio diversos movimentos em prol do movimento da Literatura.








3 comentários:

  1. Muito boa leitura! Valeu à pena!

    A autora poderia dar uma enxugada nos adjetivos, ai sim ficaria perfeito.

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  2. Óia...Naninha no Prisioneiro, galera!

    Oscar, obrigado pela oportunidade que meu deu, brother, de compartilhar meu trabalho no seu blog, em uma data tão especial pra vc!

    Sucesso sempre, irmão!

    Beijinhos sombrios...
    Nana.

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  3. É Engraçado que a maioria dos livros ou contos que leio, ou demoram a me cativar e vou até o fim(pois já comecei a ler e não quero dar meu tempo por perdido), ou não me cativam.

    Quando comecei a ler, já fui pego de surpresa!
    E agora fiquei curioso! Louco pra saber oque acontece, pensando nas mil possibilidades dentro da trama, e com certeza, nenhuma delas vai ser oque realmente vc escreveu. E se por um acaso, nossas mentes forem por um mesmo caminho, vc sabiamente vai me guiar com novos olhos, apesar de eu já saber o destino.

    Excelente conto, e mais ainda, oque mais gostei em você foi a meneira de escrever. Me cativou desde o inicio! Isso é difícil moça, sou chato pra tudo, até com meu trabalho..rs

    Espero ansiosamente, e vou devorar tudo que vc escrever daqui em diante! Virei fã!

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