Relatos Macabros - Estranha Presença.

Prisioneiro da Eternidade


Bem-vindo visitante do prisioneiro.
Novamente apresento mais um relato que me foi feito por um colega, também amante das letras.
Não posso confirmar se o acontecimento é ou não verdadeiro, mas não imagino que motivos ele teria para inventar uma história assim.
Leia, arrepie-se e tire suas próprias conclusões, se tiver coragem.


Como de costume eu tinha chegado em casa por volta das vinte horas. Me banhei, jantei e corri para o computador para prosseguir com um livro que estava terminando.
Isso aconteceu já há alguns anos, mas ainda mantenho esse mesmo hábito. Acredito que só mantendo esse tipo de disciplina é que nós, escritores, conseguimos produzir trabalhos de qualidade.
Pois bem, a noite estava bastante quente e eu, apenas de bermuda, já escrevia há algumas horas. Como todo escritor sabe, chega certo momento em que a mente parece dar uma "pane geral" e as ideias desaparecem.
Todas as luzes estavam apagadas e a única iluminação existente era a do monitor do computador em que trabalhava.
Já era por volta das duas da manhã. Como era sexta-feira eu podia seguir escrevendo pela madrugada adentro sem ter que me preocupar em levantar logo cedo no dia seguinte.
Acendi um cigarro e fiquei relendo o que já tinha escrito, na ânsia de a inspiração retornar e eu conseguir terminar pelo menos aquele capítulo. Mas parecia ser em vão, nenhuma ideia dava o ar da graça.
Justo em uma sexta-feira, quando não precisava me preocupar com o horário de dormir, me acontecia aquilo. Fiquei bastante puto da vida.
Mas não me dei por vencido e decidi navegar um pouco pela internet e procurar algo que me trouxesse mais ideias. Como escrevo sobre o gênero horror você pode imaginar que tipo de páginas eu estava visitando.
Nem sei quantos sites e blogues visitei, lendo todo o tipo de coisa relacionada ao terror, mas tudo parecia bastante piegas e não estava me ajudando.
Olhei o relógio do computador e ele marcava três e quinze da madrugada, foi quando meus dois vira-latas começaram a latir, para perturbar minha concentração.
Acendi outro cigarro (já tinha acendido vários enquanto vasculhava pela internet) e fui até o quintal ver qual o motivo da algazarra.
Depois de esculhambar os cães voltei para dentro, passei pela cozinha e cheguei ao meu quarto, onde o computador ainda fica. Para meu espanto o monitor estava desligado.
Achei aquilo muito estranho e concluí que no meu rompante de ira eu poderia ter esbarrado sem querer no botão e o desligado.
Ao religar o aparelho me deparei com aquela estranha foto do caso da menina com um ursinho (que foi incansavelmente divulgada pela televisão, até mesmo no Programa do Ratinho) e passei a ler a história sobre ela.
Enquanto lia, tive aquela desconfortável sensação de que tinha alguém atrás de mim. Aquela sensação chata de alguém vendo o que você faz no computador. Instintivamente me virei, claro, sem encontrar ninguém. 
Como poderia ter alguém atrás de mim se eu morava sozinho?
Prossegui com a leitura e aquela estranha sensação se repetiu. Mas dessa vez senti até mesmo uma respiração sobre meu ombro esquerdo, quase um sussurro ao pé do ouvido.
Virei assustado, sem saber o que poderia encontrar, mas só vi a porta que ligava o quarto à cozinha. Não tinha ninguém. Não era possível ter alguém.
Escrevo sobre horror e dificilmente algo do gênero me impressiona, mas aquela situação estava me deixando assustado. O relógio marcava três e trinta da manhã.
Mas eu queria a todo custo buscar a inspiração que me permitisse finalizar aquele capítulo do meu livro. Insisti com a leitura e, após alguns minutos, mais uma vez senti aquela estranha presença.
Eu me virei rapidamente e o que vi me assombrou: uma estranha imagem que saia lentamente do meu quarto e ia em direção da cozinha. Me arrepiei dos pés à cabeça.
Era um vulto alto, escuro, de forma humana, mas que parecia trajar um roupão ou casaco.
Estava mais louco do que de costume e corri para a cozinha. Não sei se acreditando se tratar de algum invasor ou querendo me certificar do que via, só sei que quando cheguei na cozinha (após meia dúzia de passos) ainda pude ver a tenebrosa aparição atravessando a porta e indo para o quintal.
Os cachorros estavam em completo silêncio.
Não era uma pessoa, a "coisa" atravessou a porta, que estava trancada. Só podia ser um espírito, um demônio ou alguma coisa assim.
Confesso: estava aterrorizado e só me restou desligar rapidamente o computador e ir dormir (o que demorou bastante tempo para acontecer) e continuar escrevendo outra hora.
Durante algumas semanas evitei adentrar pela madrugada para escrever. Me recordei das diversas histórias sobre a "hora morta", onde místicos dizem ser o horário propício para que demônios vaguem pelo nosso plano (entre as três e as quatro da madrugada).
Mas com o passar do tempo acabei retornando ao velho hábito, sem nunca mais ter sido incomodado por presença alguma, sem que aquela madrugada me saísse da cabeça.

Ainda hoje me arrepio quando me recordo do que aconteceu.

Prisioneiro da Eternidade
Foto a que o autor do relato se refere.



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