Saudações visitante do prisioneiro.
Segue mais um conto baseado em um relato impressionante e que foi selecionado para o livro Relatos Macabros.
Segue mais um conto baseado em um relato impressionante e que foi selecionado para o livro Relatos Macabros.
O que relatarei a seguir aconteceu
há quase dez anos, mas sempre me impressiona, até hoje, quando me recordo do
episódio.
Sou
gaúcha e me mudei para o Rio de Janeiro quando era adolescente devido a uma
transferência do meu pai. Com o tempo outros parentes também acabaram vindo pra
cá, mas muitos permaneceram no Sul, entre eles minha avó.
Ela
já tinha uma idade bastante avançada e nosso desejo era trazê-la para junto de
nós para que pudéssemos cuidar dela, porém ela jamais aceitou deixar a humilde
casa onde vivia e lá permaneceu sob os cuidados de minhas tias.
Sentia
muita saudade da minha avó e me recordo de sempre ser recebida na casa dela com
algum quitute diferente. Bastava ela saber que a visitaríamos para preparar algum
doce. Cocada, bolo de milho, paçoca, enfim, a variedade era grande e nunca comi
doces tão gostosos como os que ela fazia, nem nas melhores docerias.
Deixo
de lado agora o saudosismo e vou então à história que tenho para contar.
Era
início de noite, uma quarta-feira se não me engano, e eu passei pelo quarto da
minha filha, que tinha então cinco anos de idade, e a vi falando sozinha. Achei
que não era nada de mais, afinal tratava-se apenas de uma criança e
provavelmente estava brincando, e não dei importância.
Chegou
então a hora do jantar e, estando todos à mesa, eu, meu esposo e minha filha
(que chamarei de Bia) que falou sobre uma velhinha que a tinha visitado em seu
quarto. Essa velhinha lhe pediu que dissesse para mim e suas tias que ela nos
amava muito e que nunca se esqueceria de nós.
Honestamente
não dei muita importância para aquilo. Para mim aquilo era apenas obra da fértil
imaginação de uma criança. Sequer me veio à mente a lembrança da minha distante
avó.
Depois
de uma semana recebemos uma carta enviada por uma das minhas tias do Sul, nos
informando acerca do falecimento de minha avó.
De
imediato fui tomada por um misto de revolta e tristeza. Revolta por acreditar
que minhas tias poderiam ter telefonado e nos informado antes sobre o ocorrido e
tristeza por ter perdido minha avó, que sempre me tratara com tanto carinho.
Passado
o baque inicial causado por tão triste notícia compreendi que elas não
telefonaram por estarem passando por problemas financeiros. Aceitei, também, que
o falecimento de minha amada avozinha finalmente havia lhe trazido o mais que
merecido descanso.
O
que impressionou a mim, ao meu marido e a todas as irmãs a quem relarei, então,
o episódio de Bia, foi o fato de que minha avó falecera na mesma noite em que
ela disse ter sido visitada em seu quarto por uma velhinha.
Rezamos
uma missa pela memória dela. Foi uma forma de homenageá-la, já que não pudemos
estar em seu enterro, e eu decidi retirar uma foto que tinha dela de um álbum e
pendurá-la na parede da sala, em um quadro.
Quando
Bia, que nunca conhecera minha avó, viu o quadro ela apontou o dedinho e disse
que ela era a mesma velhinha que, alguns dias antes, conversara com ela em seu
quarto.
Compreendi,
então, que através de minha filha ela nos havia dado seu último adeus.
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