Entrevista com Oscar Mendes Filho.

Entrevista com Oscar Mendes Filho

Saudações visitante do prisioneiro.

Fuçando pela internet encontrei uma entrevista que concedi em 2011 para o site Flores do Lado de Cima e decidi publicá-lo aqui no blog, já que por lá ela estava meio esquecida.

Quem quiser ler na própria página pode acessar o Flores do Lado de Cima, ou ler a transcrição logo abaixo (aviso que a transcrição abaixo possui correções que deveriam ter sido feitas pelo "editor" na época, mas não o foram).

Após tantos anos é possível que algumas opiniões tenham mudado um pouco, mas na essência permanece tudo como era antes.

01-Seja bem vindo ao Flores do Lado de Cima 
R: Obrigado Raven, agradeço o convite para a entrevista. Sempre acompanhei as edições e é uma honra poder ter uma entrevista minha publicada em uma delas.

02- Desde quando você se dedica a escrever contos de horror?
R: Escrevo desde a adolescência, na época das hoje quase extintas máquinas de escrever, mas passei a publicar meus contos na internet há cinco anos.

03- Quais são seus principais focos de inspiração literária?
R: A inspiração vem quando menos espero. Às vezes ela simplesmente desaparece e resolve dar as caras das formas mais variadas. Seja vendo um filme, lendo um livro ou até mesmo ouvindo uma música. Mas muitas vezes ela surge do nada. Uma característica dos meus contos e livros são seus finais inesperados, ainda quando o tema parece meio batido, e isso parece agradar bastante os leitores.

04-A maioria dos escritores seleciona um "pano de fundo" musical para escrever. Você tambem é assim ou prefere escrever em silencio?
R: Normalmente quando escrevo eu ouço alguma coisa, porque me distraio com facilidade então coloco meus fones de ouvido para me manter focado. Normalmente ouço músicas de bandas como Iron Maiden, Amon Amarth, Era, E-Nomine e músicas desse estilo.

05-Você só escreve contos de horror ou costuma expandir seus horizontes literarios? 
R: Normalmente escrevo somente sobre o gênero horror. Mas, como no caso de "O Arrependimento de Odin", que está no Asgard: A Saga dos Nove Reinos, eu fugi do estilo, e para minha surpresa, o resultado parece ter ficado bom.

06 - Você tem algum de seus trabalhos postados em outras páginas da web?
R: Tenho alguns mini-contos publicados em edições da Terrorzine, e vez ou outra alguém me convida para eu publicar algum conto em outro blog, mas a grande maioria está no Prisioneiro da Eternidade. Inclusive tenho um conto publicado na edição número 10 do Flores. Meus livros podem ser encontrados no site Clube de Autores porque ainda não tive a oportunidade de publicá-los da forma "convencional".

07-Fale-nos sobre a sua coluna no site Gore Boulevard intitulada Prisioneiro do Medo.
R: Fui convidado pelo Iam para escrever uma coluna para o Gore. De início não fazia ideia sobre o que escreveria, até mesmo porque o tema horror já é muito bem abordado por outros colunistas da página. Então resolvi escrever sobre o medo e suas inúmeras faces. Mas estou pensando em mudar um pouco o assunto, até mesmo porque o tema "medo" parece estar se esgotando. Ainda não sei quais outros temas irei abordar.

08- Quais as dificuldades do escritor emergente de literatura de horror ao publicar o seu livro?
R: Acredito que divulgar o trabalho seja uma questão complicada, eu faço isso através das redes sociais, dos blogs e do boca a boca. O resultado tem sido positivo, mas ainda falta obter o reconhecimento das editoras para que elas voltem os olhos para meu trabalho. Hoje em dia só uma meia-dúzia parece ter a atenção tanto das editoras quanto dos fãs do gênero, não que eles não mereçam o sucesso que possuem, mas tem muita gente por aí que escreve coisa de qualidade e não tem atenção. Já enviei alguns trabalhos para editoras, mas sequer obtive resposta. Acredito que falte a questão do "apadrinhamento".
 
09- De onde veio a inspiração para escrever o livro, "Contos para nunca esquecer"?
R: Na verdade o livro é uma coletânea dos contos que publiquei no meu blog, o Prisioneiro da Eternidade, por todo esse tempo. Mas ele também traz contos inéditos que eu reservei especialmente pra ele. Os contos abordam os temas mais diversos, não abordando somente vampiros e lobisomens, abordando também as psicoses humanas, os horrores do dia a dia e até mesmo lendas do folclore brasileiro, assim, nesse livro o leitor poderá encontrar de tudo um pouco e acredito que agrade os amantes do horror em todas suas vertentes.

10- Como foi particicpar da antologia Asgard: A Saga dos Nove Reinos e qual a sensação em autografar o seu primeiro trabalho publicado?
R: Confesso que foi um pouco mais complicado do que eu imaginei que fosse. Tive que escrever o conto num prazo curto de tempo, se não em engano foram dois ou três dias, e não conhecia a fundo a mitologia nórdica. Pesquisei bastante e estudei a mitologia como um todo. Procurei fugir um pouco dos temas mais batidos como Loki e Thor, e criar algo mais original, que tivesse uma mensagem ao leitor e não apenas a mitologia em si. O conto tem sido bastante elogiado, pelo menos é o que parece. A sensação do primeiro autógrafo foi indescritível, fiquei nervoso e não tinha ideia do que escreveria, fiquei alguns minutos pensando no que escrever. Aliás, o primeiro autógrafo foi dado no seu livro Raven, comecei com o pé direito.

11-Quais os planos de Oscar Mendes Filho para o futuro?
R: Vou prosseguir escrevendo meus contos e livros, inclusive comecei um título novo há algumas semanas. Pra ser sincero não tenho mais a pretensão de ser um "puta" escritor, até mesmo porque conseguir isso no Brasil é uma façanha bastante difícil, principalmente quando se possui caráter suficiente para não aderir às panelinhas e puxa-saquismos, mas não vou parar de escrever. Prosseguirei com meus textos sem me ater a modismos ou pensamentos politicamente corretos, manterei a mesma linha que mantive até hoje e, se alguém achar que eu mereço ter meus trabalhos publicados, assim será.

12 - Qual a sua opinião a respeito da literatura fantastica nacional?
R: Como eu disse anteriormente me parece que está na mão de uma meia-dúzia que se destaca no gênero, nem sempre por motivos com os quais eu concorde. Tem escritor que é catalogado em "listinhas" de "melhores escritores do gênero" quando na verdade eles mesmos assumem não serem escritores de horror, então eu acho difícil entender o motivo de eles serem tão bajulados. Sei que meus textos não são um primor de qualidade, até mesmo porque nunca fiz nenhuma oficina ou curso sobre literatura ou técnicas de escrita, mas não apenas eu como muitas pessoas que conheço concordam que ainda são melhores do que muita coisa que se lê por aí. Tem alguns contos que eu simplesmente não consigo terminar de ler, em algumas antologias me deparei com textos onde o autor, por exemplo, se perde em meio à narrativa ou apenas não "constrói" os personagens de maneira convincente, e esse tipo de coisa faz com que eu me pergunte do porquê de esse pessoal ter seu trabalho publicado. Provavelmente é algum outro fator alheio à qualidade, e que eu desconheça.

13 - Gostaria de deixar uma mensagem para os apreciadores da literatura de horror/fantástico?
R: Gostaria apenas de dizer que o gênero horror é muito mais amplo do que isso que se vê atualmente. O horror não está intrinsecamente ligado a vampiros, lobisomens ou assombrações, ele está, por exemplo, nos medos e horrores cotidianos. Cada um possui seus medos particulares e por mais bobos que pareçam ser não deixam de ser formas de horror. Conseguir passar isso aos leitores de maneira que eles consigam sentir o mesmo que eu sinto não é simples, mas quando feito de forma convincente, é bastante gratificante


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